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26/11/2022 18h24

Hoje na História: Copa do mundo FIFA, Direitos Humanos, fascismo italiano e outras coisas mais

Confira a coluna do historiador David Goulart Nunes
Hoje na História: Copa do mundo FIFA, Direitos Humanos, fascismo italiano e outras coisas mais

Lá se vão quatro anos e nos vemos diante de mais uma Copa do Mundo FIFA. Desde a primeira edição, em 1930, o mundo já presenciou 21 edições da Copa. Desde então, discussões surgiram em relação à escolha de alguns países. 


Digo, aqui, não sobre o fator técnico adotado pela FIFA ou outras questões pertinentes ao futebol; costumo dizer que tudo o que sei sobre futebol advém do que meu pai, Daniel, o maior especialista do assunto na minha opinião, comenta. Aqui, me atenho a discutir a questão histórica. Mencionemos e comparemos duas edições, a de 1934 e a de 2022.


Há quase 90 anos, o mundo presenciou a segunda edição da Copa do Mundo FIFA. O país sede? A Itália fascista de Benito Mussolini. Atualmente, com tudo o que ocorreu no século passado, observamos nessa escolha certa estranheza. Como que a FIFA escolheu, como sede, o país que gerou o fascismo? Bem, garimpei um pouco sobre como o mundo reagira em relação a esse feito e encontrei algumas informações úteis.


Falando da Copa, especificamente, alguns jornais como o Gazeta do Povo acompanharam o torneio e mencionaram as vitórias e derrotas, mas nada relacionado a figura de Benito Mussolini em especial. Na verdade, encontrei um jornal no Arquivo Nacional do Ministério da Justiça e Cidadania que me revelou um fato curioso.


O jornal Pelo Telegrapho, na edição de 10 de abril de 1926, registra a data em que Benito Mussolini sofreu um atentado três dias antes em Roma por Violet Albina Gibson. No jornal, também, vemos que o presidente do Brasil, na época Artur Bernardes, emitiu telegramas de congratulações ao presidente italiano por ter sobrevivido ao atentado.


Uma atitude política ou meramente amigável? O ponto é que a Itália daquele período era vista com desconfiança por alguns países liberais, mas não como hoje. Bom lembrar que, anos mais tarde, a Alemanha nazista iria sediar as Olímpiadas, em 1936.


Chegando em 1934, na tal copa fascista, podemos observar como esse evento foi importante para a propaganda fascista. Mussolini investiu na seleção italiana, que saiu vitoriosa ao final do torneio. Dentre o investimento, temos os esforços de Benito em naturalizar alguns jogadores para que pudessem representar a Itália, além da contratação do técnico Vitorio Pozz, que levou a seleção a vitória.

 

Alcançando nossa presente copa de 2022, vemos algumas polêmicas e questões pertinentes ao país sede, o Qatar. Curioso mencionar que esses detalhes são concomitantes com a própria copa, e não posteriores a ela. Algumas seleções manifestaram sua desaprovação em campo, mas em vão.

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A desaprovação se refere majoritariamente à questão de que relações homossexuais são crimes no país, além do adultério e do consumo de bebidas alcóolicas. Principalmente, o Qatar se posiciona dessa maneira por conta da influência muçulmana na esfera legal e social do país. Logo, discutir essas questões é discutir, também, os limites – se é que há – de uma religião e seu contato com países terceiros. 


Destaco esse ponto porque, fora fosse o contato com países ocidentais, alguns dos posicionamentos do Qatar são vistos como normais pelos países árabes. Ainda assim, não há como descartar os Direitos Humanos como fator relativo à cultura. Se há Direitos Humanos e eles independem da cultura de um povo, logo, é dever social das nações se manifestar sempre que esses direitos são ameaçados. No entanto, o que dizer quando esse país é escolhido como sede de um evento tão afamado como a Copa do Mundo FIFA?


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 Afinal, deveriam os países, na década de 1930, terem se posicionado contra a escolha da Itália como sede? Lembrando que, cinco anos depois, a Itália estaria em guerra com uma parte considerável dos países que, antes, eram visitantes em seu território. Política, comércio e Direitos Humanos sempre foram questões que perpassam entre si e ocupam os jornais locais, nacionais e internacionais. 


Como serão vistass as críticas feitas ao Qatar daqui a uns cinquenta anos, por exemplo? Como um ato xenofóbico ou como um exemplo de negligência internacional? Eu não me atrevo a responder essas questões, mas acho que é bom provocarmos esse debate. Afinal, somos feitos do que discutimos, e a Copa do Mundo FIFA faz parte do brasileiro tanto quando o samba e outras coisas mais.



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